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26 junho, 2008



Telma Santos, de 24 anos de idade é natural de Peniche e é estudante na Escola Superior de Tecnologias de Saúde de Lisboa. Campeã Nacional de Singular Senhora já por sete vezes tem representado Portugal em diversos Campeonatos da Europa e do Mundo. Esteve a um passo de estar em Pequim e recentemente, participou nos Campeonatos do Mundo dos Universitários, disputados em Braga.
- Como começou a jogar badminton? Conte-nos essa história.
Comecei a jogar badminton aos oito anos através do meu tio Fernando Silva que me incentivou a experimentar a modalidade. Depois de duas horas dentro de uma pavilhão cheiinho de jogadores onde tive de jogar nos intervalos dos campos…comecei a praticar regularmente a modalidade, a ir a torneios e nunca mais parei ate hoje.
- Actualmente como é a nossa modalidade?
Desde que comecei a praticar a modalidade até agora já houve muitas mudanças. Na minha opinião e infelizmente para pior...e acho que é a opinião geral de todas as pessoas que conhecem a modalidade há muitos anos. Actualmente não há nada que incentive os miúdos a quererem jogar badminton. Há um trabalho muito escasso por parte da FPB e isso pode ter resultados negativos a curto prazo. Até para os não seniores que uma das coisas que mais os fascinavam era ganhar uma taça, se torna agora banal, porque as taças deixaram de ser prémio em torneios. Esse aspecto até faz com que competitividade seja mais fraca e que com o tempo se perca jogadores com talento.
- A caminho de uma licenciatura em Saúde Ambiental como é a conciliação estudo / badminton?
É muito complicado quando se é atleta de alta competição e se está a lutar por algo muito importante. Pelo menos no meu caso que tive de empenhar por uma qualificação Olímpica foi impossível conciliar as duas coisas e tive mesmo de parar de estudar dois anos. Mas também depende das pessoas, umas conseguem e outras não. E depende também das condições que dão aos atletas, em muitos países são arranjadas soluções para que possam estudar e jogar. Alguns jogadores Top na Dinamarca são médicos, fisioterapeutas e nunca pararam de estudar mesmo viajando, pelo mundo fora.
- Quais os objectivos, do blog “Badminton Friends”, criado por jovens talentos?
A ideia de construir um blog surgiu através de uma brincadeira. Mas depois de trocarmos algumas impressões verificamos que até seria bom para o badminton português. Visto não haver muita informação poderá ser uma mais valia para quem gosta da modalidade. Como fazem parte do blog grandes jogadores portugueses pode cativar mais a atenção das pessoas e dos mais jovens que vêem em alguns destes jogadores o seu “ídolo”. O objectivo do blog é, alem de dar a conhecer aos visitantes os resultados dos nossos jogadores no estrangeiro, que muito raramente se sabe, tentar arranjar soluções para os problemas da nossa modalidade e divulgá-la.
- As constantes referências aos problemas estruturais do badminton nacional poderão ter alguma influência no futuro?
Poderão não…já estão a ter. O número de atletas diminuiu e tende a diminuir cada vez mais. Se nada mudar, se não houver como muita gente diz um “25 de Abril” no badminton penso que infelizmente o nosso desporto pode entrar num estado crítico. Muita coisa tem de ser feita, muitas pessoas têm boas ideias e têm de começar com elas nos seus clubes. Muitos criticam mas as suas mentes são retrógradas, as guerrinhas entre clubes e o “cada um por si” não ajuda em nada. As pessoas deviam unir-se mais e deixar um pouco estas coisas de lado. E a FPB devia divulgar mais a modalidade, fazer coisas engraçadas com o apoio dos jogadores, incentivar os miúdos…e ouvir a opinião das pessoas. Existem muitas coisas que podem ser feitas e devem ser…caso contrário qualquer dia há campos montados e não há jogadores para competir.
- Como descreve o actual badminton nacional, em termos de dimensão internacional?
Penso que houve uma significativa melhoria. Os atletas de outros países por exemplo já não encaram com facilidade um jogo contra um português. O nosso badminton evoluiu, estamos mais fortes e respeitam-nos muito mais. Principalmente nas mulheres, ter três jogadoras portuguesas nas sessenta primeiras do mundo foi algo que nunca aconteceu antes. Se há alguns anos atrás nos torneios de equipas o sector feminino era um problema agora deixou de ser.
- Aponte soluções para elevar a qualidade do badminton em Portugal?
Há muita coisa que pode mudar para bem do badminton e acho que deviam começar por voltar a melhorar a qualidade dos torneios, com taças, árbitros, tapetes (seniores)...etc. Primeiro porque os jogadores merecem e acho que é o mínimo que podem fazer. Será um passo importante para voltar a dar vontade aos jogadores de participarem em torneios, principalmente os miúdos que vão aos torneios fascinados pelas taças que podem ganhar. Depois temos de melhorar a qualidade dos jogadores, e isso depende em grande parte dos seus clubes, dos treinos que têm, da forma como trabalham e se dedicam a modalidade e da qualidade e disponibilidade dos seus treinadores. Os atletas têm de definir os seus objectivos e lutar seriamente por eles, o que neste momento é complicado porque não há nada que os motive. Haver uma “melhoria” nos estágios da Selecção Nacional, antes “sofríamos” até para saber se éramos ou não convocados e lutávamos muito para participar em estágios e torneios. Bons estágios, juntando os melhores jogadores portugueses de cada escalão dá uma grande qualidade de treino aos atletas. Trazer de vez em quando como muitos países fazem um treinador estrangeiro diferente para participar num estágio, ou um jogador de referência, ou ainda uma selecção nacional de outro país, acho que era bastante interessante. Os mais novos têm de ser cativados, tem de haver algo que os agarre à modalidade e não os faça optar por outro desporto. Porque não voltar a haver Taça Ibérica? Ou organizar torneios convidando atletas de outros países? Jogar contra jogadores estrangeiros incentiva e dá animo aos mais novos. Os estágios Luso-Dinamarqueses eram muito bons, além de juntar a diversão ao trabalho permitia aos atletas trocarem ideias e experiências porque não voltar a haver? Não é uma Polónia Cup ou Finlandia Cup que acontece de dois em dois anos que vai incentivar os mais jovens. Levar o badminton ás escolas por exemplo através demonstrações. A força de vontade é um factor extremamente importante. Havendo mais competitividade, mais os atletas treinam e mais se evolui em Portugal. Havia muitas outras coisas que se podia falar mas penso que estas já são algumas ideias que não sei se estarão certas ou erradas mas é a minha opinião.
- Prevê algum crescimento da modalidade, nos próximos anos em número de praticantes?
Se tudo continuar como nos dias de hoje prevejo sim um decréscimo no número de jogadores…o que é uma pena. Espero sinceramente que isso não aconteça. Que cativem miúdos, que vão para a televisão, jornais...divulgar a modalidade. Sei lá…
- Para progredir tem que se ir para o estrangeiro. Será preciso sair do país para realizar um sonho?
Na minha opinião acho que depende. Depende das condições que o atleta dispõe em Portugal para treinar. Se tiver um bom treinador, atletas ao seu nível ou melhores para treinar, patrocínios (material e financeiro), pavilhão disponível e se tiver o principal…vontade de lutar e treinar não é imprescindível ir para o estrangeiro.
Mas é claro que quem tem objectivos a longo prazo e tem a ambição de ser um grande jogador, e quando falo grande jogador é estar por exemplo entre os quarenta primeiros do mundo e tem possibilidade de ir para o estrangeiro, que deve. É preciso fazer muito sacrifícios em busca dos nossos sonhos e sair do país é um deles. Existem muitos países com academias e com muitos atletas para treinar onde as condições são fantásticas e onde os atletas têm tudo o que precisam para evoluir. Saarbruken por exemplo é para mim uma das melhores academias do momento e onde se verificou uma maior progressão dos atletas que lá treinam. Muitos conseguiram além do apuramento olímpico estar muito bem posicionados no ranking mundial.
- Tem na sua mente percorrer algum caminho para atingir um objectivo muito especial?
O meu objectivo, o meu sonho como muita gente sabe e é certamente o sonho de todos os atletas é ir aos Jogos Olímpicos. Lutei por Pequim, e por pouco não consegui, tive muitas pedras no meu caminho, como a minha lesão no joelho e isso não ajudou, e tive também duas grandes jogadoras (Filipa Lamy e Ana Moura) a competir comigo o que foi complicado. Mas sim, pretendo percorrer mais um longo caminho e chegar aos Jogos Olímpicos de Londres. É o meu objectivo especial…e dos que me acompanham na modalidade.
Mas tenho outros e que passam por divulgar a modalidade, ser treinadora dos mais novos, passar as minhas experiências e ensinamentos...etc.
- Os resultados que os portugueses têm alcançado internacionalmente, estão longe de corresponderem à muito baixa competitividade existente no país. Como explica esta situação? Seremos um país de atletas / fenómenos?
Os resultados dos portugueses muito se deve ao trabalho que exercem nos treinos. A dedicação e a entrega à modalidade é muito grande. Tem objectivos concretos e lutam por eles deixando para trás muitas coisas como por exemplo a família. O facto de jogarem internacionalmente faz com que ganhem muito experiência e evoluam como e óbvio. Não sei se o termo “atletas/fenómenos” é o mais correcto, mas e verdade que existem atletas com grande facilidade e aptidão para este desporto. Aprendem mais rápido, executam as coisas com mais facilidade que outros, mas isso é assim em todos os desportos. O Alexandre Paixão e o Pedro Martins são para mim dois exemplos disso. Apesar de eu achar que a chave do talento deles foi no bom ensinamento que tiveram quando eram novinhos. Mas tendo em conta que não têm as mesmas condições de treino que os bons jogadores internacionais, não têm para treinar com eles jogadores ao mesmo nível ou melhores que eles, etc… são uns jogadores fora de série. Agora se tivessem as condições necessárias seriam ainda bem melhores ainda a nível internacional porque em Portugal já o são. Mas acho que os bons resultados internacionais se devem para além de outras coisas, ao “trabalho de casa”, ao esforço e dedicação, à garra e força de vontade…ao profissionalismo que têm. Uma série de coisas.
- Em Portugal não existe competitividade, para os jovens evoluírem convenientemente. Como poderá ser ultrapassada esta questão?
Pois, é verdade. Existe sempre em cada escalão de não sénior um atleta muito superior os outros. E isto nem é bom para os atletas inferiores porque em vez de se motivarem, devido a grande diferença desmotivam-se e entram derrotados nem para o atleta que é melhor. É obvio que uns têm melhores condições de treino que outros, mais talento, melhores treinadores, uma atenção diferente. Mas algo tem de mudar para cativar os jovens a treinar mais seriamente e não apenas a jogar badminton por lazer. Eu optava sempre por jogar num escalão superior ao meu, isso permitia-me ter mais vontade de treinar para ganhar aos mais velhos, mas claro que antes disso tive de treinar muito para ganhar aos da minha idade, embora nesse tempo houvesse competitividade no meu escalão. Temos sempre de querer mais e mais para progredir e assim aumentar a competitividade.
- Os resultados têm surpreendido, mas como nada acontece por acaso, então como foi?
Sim nada é por acaso, foram muitas horas dentro de um pavilhão a treinar, ginásio, corridas, muita força de vontade por que não foi nada fácil deixar tudo para trás em busca de alcançar bons resultados. Saídas com amigos, estar com a família, diversão foram algumas das coisas que tive de por de parte para me focar apenas no meu objectivo. Não é nada fácil mas vale a pena quando conseguimos chegar longe num torneio, ver que o nosso esforço está a valer a pena.
- Participou como convidada, no VI Estágio / 2007 / 2008, da FPB destinado a jovens atletas. Foi um encontro com jovens, motivador e com consequências futuras?
Foi muito interessante ir ao estágio e dar a conhecer aos mais jovens a minha carreira desportiva e o que eles terão de enfrentar se querem tal como eu lutar pelos jogos olímpicos. Senti muita empatia da parte dos miúdos que ouviram sempre com atenção o que eu tinha para dizer e se mostraram motivados para treinar. Cada treino que passava era melhor que o anterior e senti que a minha palavra e correcção era muito importante para eles. Espero que os tenha ajudado e que lhes traga benefícios para o futuro. Tal como espero que a FPB convide o Alexandre, Marco, Filipa e Ana para também contarem a sua experiência e os ajudarem…era muito bom. Foi tudo muito positivo mesmo sabendo que houve quem não tenha achado bem ir uma jogadora de alta competição e campeã nacional ao estágio, nem ensinar os miúdos… quer dizer os seus atletas. Pessoas que só vêem o badminton para seu benefício próprio e que não têm bom senso. Mas isso passa-me ao lado a partir do momento em que os miúdos me respeitaram, treinaram bem e aprenderam. Senti-me e sinto-me muito feliz por isso.
- Quais os seus objectivos competitivos para os próximos anos?
Pretendo voltar a ser Campeã Nacional de Singular Senhora e tentar ganhar os títulos também de pares. Ajudar o meu clube a ser Campeão de Equipas Mistas e Equipas Senhoras. Alcançar bons resultados internacionais e claro em 2012 ir aos Jogos Olímpicos.
- Já pratica badminton há muitos anos, quais foram os momentos mais marcantes e afectivos, porque passou?
Foram muitos os momentos marcantes felizmente. Aliás tem havido momentos marcantes bons e menos bons.
Em torneios Nacionais quando na primeira vez que joguei um torneio, por acaso em Peniche era eu Benjamin ganhei a prova de singulares e pares mistos. O facto de levar desde Benjamin ao 1ºano de Infantil a ganhar todos os torneios nacionais e depois chegar aos campeonatos nacionais e perder sempre para a minha rival na altura, Tânia Faria foi algo muito marcante. Aos quinze anos e na primeira vez que joguei par senhora em seniores venci com a Filipa Lamy o Campeonato Nacional e ela surpreendeu-me com a música que adoro “We are the Champions” no final do jogo (Na minha mente para sempre). Mas sem dúvida que o momento mais marcante para mim foi quando ganhei pela primeira vez o campeonato nacional de Seniores, era eu ainda júnior de 1ªépoca e estava sem treinador devido ao facto do Luís Carvalho estar no México a treinar a selecção. As vitórias nas equipas mistas têm sempre aquele lugar especial.
Internacionalmente marcou-me muito a minha primeira Finlândia Cup onde nos classificamos em 4ºlugar e tivemos a uma passo da medalha de bronze. A Helvétia Cup na Republica Checa onde vencemos a equipa da casa e alcançamos um excelente 2ºlugar. A minha primeira vitória num torneio internacional, na Síria e respectivos segundos lugares nos torneios da Jordânia e do Irão. Um momento menos bom mas muito marcante…a minha lesão no joelho e impossibilidade de treinar durante um mês e meio na Ásia e não ter podido jogar o Campeonato do Mundo.
- Associação de Jogadores. Que perspectivas?
A Associação de jogadores vai como é obvio zelar pelos direitos dos atletas. Lutar por tudo o que nós atletas têm direito e procurar melhores condições. Somos o rosto da modalidade, somos nós que treinamos, nos lesionamos, que jogamos e representamos Portugal. Somos nós que fazemos o badminton existir…e o mínimo que queremos é respeito e melhores condições nos torneios por exemplo. Saber como ajudar os atletas que querem continuar a jogar badminton e por irem entrar para a faculdade não têm condições para treinar. As vantagens de ser atleta de Alta-Competição. Uma série de coisas que serão ditas pela própria Associação.
- Nos últimos Campeonatos Mundiais Universitários, em Braga, observou-se uma forte ligação e companheirismo entre os componentes da Selecção Nacional. A que atribui esse facto?
Foi um torneio muito bem organizado em que a comitiva era excelente. Tudo boas pessoas que proporcionaram um bom clima na equipa e a tornou muito unida. Deu tempo para rir, para diversão e tempo para honrar o país. Todos apoiavam a equipa mesmo nos momentos que estávamos a perder. Foi sem duvida uma boa experiência e estão todos de parabéns. E aproveito também para salientar o facto de estudantes universitários que nada têm a ver com o badminton terem organizado o melhor torneio alguma vez feito em Portugal. PARABÉNS. Confirmaram que quando se tem força de vontade, organização, coragem, etc…tudo é possível! E acho que pelo facto de nos terem respeitado tanto e nos terem dado algo que não estamos muito habituados…VALOR fez com nos uníssemos e estivéssemos com muito prazer a jogar.
-Em Portugal existem elementos competentes e muito interessados pela modalidade, mas observa-se uma grande falta de entendimento, para tornar a modalidade com outra visibilidade. Porquê esta grave situação?
Toda a gente está disponível para dar ideias e tem soluções para melhorar o badminton português, mas quando se fala em trabalhar em conjunto as coisas mudam de direcção. Ninguém está disposto a trabalhar com este ou com aquele…ou porque não aceita as ideias, ou porque não gosta de uma ou outra pessoa em questão. Trata-se do “cada um por si” e por isso não há muito entendimento. Claro que devem e existem mesmo outras razões mas esta e sem dúvida uma delas.
- O Centro de Alto Rendimento Desportivo, previsto para as Caldas da Rainha, estará suficientemente bem localizado para apoio a estudantes universitários?
Não. Não vejo ninguém ir viver para um sítio onde não existem todos os cursos, e onde não se sintam minimamente bem. O Centro de Alto Rendimento para ter sucesso e ser uma mais valia para os atletas teria de ser em cidades como Lisboa, onde temos tudo o precisamos, os cursos, fisioterapeutas da alta competição, o aeroporto perto ou então em Coimbra.
- Já participou em muitas competições no estrangeiro. O que é que mais a impressionou nos países que trabalham o desporto ao mais alto nível?
O que mais me impressionou foi o valor que dão aos seus atletas. Muitos países apostam muito cedo nos jogadores mais jovens e isso é muito importante. Existem nos seus países jogadores top ou bons jogadores e eles já estão a trabalhar no futuro. Não se aposta como em Portugal em um homem e em uma mulher…mas sim em vários. Claro que é preciso ter verbas para isso mas acho que a nossa FPB tem condições de apoiar mais atletas se gerir bem as coisas e souber procurar apoios e patrocínios. O que será por exemplo das mulheres portuguesas a nível internacional quando eu deixar de competir, a Filipa Lamy, a Ana Moura e a Vânia Leça? Que será dos homens quando o Marco Vasconcelos deixar de jogar, o Alexandre Paixão, o Nuno Santos? Só o Pedro Martins está a jogar internacionalmente e muito graças ao seu clube. Têm de apoiar muito mais a formação como fazem os outros países. É ai que começa a notar-se a grande diferença na qualidade dos atletas portugueses e estrangeiros. Mas claro que tem de haver força de vontade para isso. Outra coisa é as condições que têm e a forma como encaram o badminton que é completamente diferente de cá. Eles treinam arduamente, têm muitos estágios por ano em conjunto, não de um fim-de-semana a treinar três vezes por dia que é abusivo, mas sim de mais dias onde treinam duas vezes por dia e fazem no seu terceiro treino a observação de vídeos, dos erros que cometem, entre outros.
-Descreva factos engraçados ou curiosos observados, nas mais diversas competições internacionais, em que esteve presente?
Quando fui a Uganda fiquei fascinada com a força de vontade dos miúdos, para praticarem badminton, eles não têm condições, grande parte deles jogam descalços, apenas com o volante e com as mãos porque não há muitas raquetes.
Quando ofereceram uma raquete a um miúdo do Burundi (Acho eu) e ele ficou muito feliz porque tinha a sua própria raquete visto que no país dele só existiam duas raquetes para todos os jogadores. Eles tinham de ir rodando para que todos pudessem usar as raquetes. Eu tenho mais raquetes no meu saco que aqueles miúdos no seu país…incrível. No Irão, país onde as mulheres são muito descriminadas e têm de andar na rua todas tapadas (nós também tivemos de andar assim), foi extraordinário vê-las no pavilhão de calções e t-shirt. Aquele momento de felicidade estava estampado na cara delas. Penso que muitas delas jogam badminton por esse motivo, terem uma hipótese sem ser dentro de casa de se sentirem mulheres livres.
A praxe da Helena Pestana na Uber Cup foi demais. Uma declaração como nunca vi igual ao Marco… de morrer de rir.
Existem muitas mais mas penso que estas são suficientes.
- Para finalizar, quais são os teus ídolos no badminton?
O meu grande ídolo é o meu tio, Fernando Silva. Mas também tenho ídolos internacionais, nos homens Taufik Hidayat (Indonésia) e Peter Gade (Dinamarca) e nas mulheres Judith Meulendjiks (Holanda) e Petra Overzier agora Petra Reichel (Alemanha).


1 comentário:

Anónimo disse...

Gostava de deixar uma palavra de reconhecimento à Telma Santos (e ao Fernando Silva) pela disponibilidade, simpatia e humildade com que brindaram os jovens presentes no Estágio dos Torneios de Divulgação. Esses jovens nunca mais esquecerão o tempo e paciência que lhes dedicaram numa manhã de Domingo. Bem hajam.