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23 junho, 2008



A professora Teresa Silvano é a responsável pelo Núcleo de Badminton da Escola EB 2.3 Silva Gaio, em Coimbra, docente de Educação Física nesta escola desde 1 de Setembro de 1995. Natural de Coimbra, praticou Natação, Basquetebol e Ténis de Campo.
- A juventude mundial não quer competir, não se quer esforçar. Como comenta esta situação?
O desporto de competição exige muita disciplina, muito esforço e muitos sacrifícios. Se os jovens não têm um apoio parental ou uma motivação forte que os ligue à modalidade ou ao desporto, desistem, preferindo outras formas de ocupação dos seus tempos livres, sem responsabilidades…
- Na Escola Silva Gaio, a modalidade tem presentemente muitas simpatias da comunidade escolar. No futuro como será?
Terminámos este ano lectivo com quase trinta alunos a treinar regularmente. No futuro tudo depende da continuação dos apoios em termos do Estado, Escola, e professores do Departamento de Educação Física. Da minha parte, continuo bastante motivada para continuar este projecto iniciado em Setembro de 2003. Todos os anos pretendo ir um pouco mais longe e esta filosofia tem cativado os alunos.
- Mas não deverá ter sido fácil lançar a modalidade na competição escolar?
No meu caso, quando entrei para o projecto através do convite e apoio do professor Fernando Costa da Escola Secundária de D. Duarte (na altura o Coordenador da modalidade), já tudo estava lançado e bem organizado.
- Qual a sua opinião sobre os Torneios Divulgação?
Os Torneios de Divulgação vieram aumentar o número de jogos e competições, o que foi muito bom para os alunos, na medida em que despertou-lhes mais o interesse pela modalidade. Estes jogos em vez de os assustar, motivaram para o trabalho “chato” a nível técnico e condicional e encorajou a assiduidade.
- As Coordenações Educativas deviam ou não premiar os Núcleos que funcionam bem e punir aqueles que dão uma má imagem do Desporto Escolar?
Sim claro, mas raramente isso é feito. Penso que os núcleos e clubes que melhor funcionam deveriam ser premiados com mais apoios em termos de atribuição de mais horas de treino e mais material. Aqueles que não funcionam deveriam simplesmente acabar.
- Chegar o mais longe possível, percorrendo um longo caminho trabalhando muito para se conseguirem determinados objectivos. Já foram alcançados alguns desses objectivos?
Já atingimos e ultrapassámos todos os objectivos inicialmente e humildemente propostos. Os alunos têm-me surpreendido bastante com o empenho e entusiasmo demonstrados. A nossa escola tem sempre um grande número de alunos presentes em torneios e presença regular nos Distritais, Regionais e alguns Nacionais.
- Sendo o badminton uma modalidade sem protagonismo em Portugal e também tecnicamente muito difícil, havendo tantas outras modalidades com outra dimensão e visibilidade, como surgiu o seu Núcleo de Badminton?
Como já foi dito, motivado pelo convite do Coordenador de Badminton de Desporto Escolar, professor Fernando Costa. Para além de me despertar para a modalidade, contei sempre com o apoio incansável na parte de obtenção de material, condições de treino e organização dos treinos e competições.
- No entanto temos conhecimento que no âmbito escolar um elevado número de jovens tem aderido à prática da modalidade. O que seria necessário fazer para melhorar a qualidade do Badminton Escolar?
Mais formação para professores e alunos, mais apoios, mais competições.
- O modelo aplicado nos Torneios Divulgação, poderia ser também aplicado, nas competições escolares?
Nestes últimos anos o modelo aplicado nos Torneios de Divulgação também se adaptou aos utilizados no desporto escolar.
- E se a participação dos alunos em Torneios Divulgação, pontuassem para o apuramento, para as Fases Finais, das Coordenações Educativas?
Pela minha, ainda pouca experiência, quanto maior o número de competições mais justo se torna o apuramento, uma vez que os alunos têm mais oportunidades de compensar qualquer mau resultado ou até faltas a um torneio por doença ou por outro motivo qualquer. Neste ponto apoiaria tal decisão.
- O Badminton Escolar em Coimbra nos dois últimos anos alcançou outra qualidade. A que se deve essa situação?
Penso que devido a um maior número de escolas a abraçar a modalidade, maior número de Acções de Formação sobre a modalidade, maior empenho por parte dos professores responsáveis pelos núcleos ou clubes.
- Os seus alunos participaram em quatro Torneios Divulgação e estão colectivamente posicionados, no segundo lugar. Esta situação tem impacto na escola?
A comunidade escolar é informada através do afixar de resultados e fotos dos Torneios nos locais de estilo. Os prémios recebidos pela equipa são exibidos na escola aos professores e alunos. Estes também podem informar-se através do site do Núcleo de Badminton da Escola Secundária de D. Duarte. Os alunos gostam de se ver e serem vistos, sentindo-se reconhecidos pelos seus feitos. Os professores apoiam estes alunos permitindo que por vezes faltem às aulas para poderem estar presentes nas competições (tal só acontece nos Regionais, Nacionais e competições no final do ano), uma vez que todas as outras se realizam aos sábados e feriados.
- Tem sido visível que o Badminton Escolar, apesar de existirem no país, muitos Núcleos tem vindo a perder qualidade. A que atribui essa situação?
A qualidade não depende tanto da quantidade mas do empenho e perseverança. Depende também dos apoios da comunidade escolar, dos Encarregados de Educação, dos professores de Departamento e da Turma, Auxiliares de Acção Educativa, e do próprio Ministério de Educação.
- E qual a sua proposta para melhorar essa imagem?
Acredito que muitos responsáveis pelos grupos equipa tem vindo a desmotivar-se e empenhar-se cada vez menos devido ao pouco reconhecimento por parte de quem deveria. Quando iniciei o meu grupo equipa deparei-me com grandes obstáculos de vária ordem que consegui aos poucos superar. Não foi fácil e poderia ter baixado os braços, deixando o “barco navegar ao sabor da corrente…”. Com ajuda de colegas de trabalho e contagiada pelo entusiasmo dos alunos, tenho arranjado forças continuar.
- No entanto, os jovens aderem com facilidade à modalidade, mas notando-se enorme carência de formação dos professores, responsáveis pelos Núcleos, deixando muito a desejar. O que terá que ser realizado para ultrapassar a situação?
Deveria passar pela responsabilidade profissional dos responsáveis pelas equipas em frequentar Acções de Formação. Quando não se consegue atingir resultados deveriam ser obrigados a tal, para que o núcleo pudesse ter continuidade.
- Atendendo à política social e económica do país, onde a educação está longe de atingir níveis de alta qualidade vê alguma possibilidade de parcerias de cooperação entre a formação desportiva na escola, com os clubes?
Uma vez que a prática de qualquer modalidade no desporto escolar “ainda” não exige investimento algum por parte dos Encarregados de Educação, as escolas têm um papel importantíssimo na captação de jovens para o desporto. Sem quaisquer gastos, os alunos poderão realizar as suas “experiências” desportivas até escolherem as que mais se adaptam aos seus gostos. Uma vez que a maioria dos alunos permanecem apenas entre 3 a 5 anos na mesma escola, penso que deveria haver um maior investimento para o incremento do desporto nas escolas na parte da Formação. Posteriormente o papel seria para os clubes já com a parte da Especialização. As escolas e os clubes apenas tinham a ganhar com esta cooperação, para além da economia para as famílias.
- Cada vez mais a vida dos portugueses tem vindo a mudar, pelo que nos deveremos estruturar, para acompanharmos essa situação. Com os jovens com que trabalha essa realidade é significativa?
Sim. Sinto que cada vez é mais difícil motivar os alunos para uma prática desportiva regular – há todo o tipo de solicitações extra-escola, extra-desporto, à partida mais apetecíveis, mais motivantes e mais valorizados.
- O desporto tem um papel fundamental na qualidade de vida e desde que os jovens cumpram determinadas regras comportamentais e sociais será sempre uma mais valia, para no futuro encarem o mercado de trabalho com mais disciplina. Como observa esta realidade?
Está provado cientificamente que os alunos com uma prática física regular de qualquer actividade física, têm um melhor rendimento escolar e melhor comportamento, melhores capacidades volitivas, persistência, respeito e principalmente, maior tolerância perante si e perante os outros.

- Com tantas dificuldades em conseguirem-se condições de trabalho, para conduzir o grande número de jovens que vão aderindo à modalidade, como observa o futuro do badminton em Coimbra?
Penso que o futuro passa pelos apoios aos clubes, As escolas fazem o que podem (mais no aspecto da formação). Depois de terem de abandonar a escola, o futuro dos jovens deveria estar assegurado pelos clubes, caso estes jovens tenham interesse em prosseguir na modalidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

A Teresa é um valioso elemento da Associação Desportiva Escolar Badminton de Coimbra (não é transferível!)que se destaca pela qualidade do seu trabalho e pelo imenso número de praticantes que envolve na sua escola. Está de parabéns pela dedicação ao Desporto Escolar e ao Badminton.