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15 outubro, 2008








Continuamos a apresentar o estudo científico elaborado, pelo professor Ricardo Fernandes, que contém 150 páginas, distribuídas por VI Capítulos e denominado de “A Dinâmica Decisional no Badminton / O Acoplamento Serviço – Recepção nos Atletas de Singulares Homens de Elite Mundial”, a publicar, pelo “O Badmintonista” às quartas-feiras.
Capítulo II – Revisão da Literatura
3.3. A Antecipação no Desporto
A antecipação é um processo psíquico de qualquer actividade humana que consubstancia, a partir da percepção, a capacidade de prever não só o resultado, mas também o desenvolvimento dos acontecimentos de uma dada situação.
Nos jogos desportivos colectivos e individuais, os companheiros e adversários deslocam-se em direcções e velocidades variáveis, logo, para que os jogadores se adaptem a esta variabilidade situacional, exige-se concretamente o desenvolvimento de uma acção táctica, que por si traduz a antecipação contínua e extremamente diversificada às situações momentâneas de jogo. Neste sentido, podemos afirmar que a antecipação é um dos maiores fenómenos da adaptação das condutas motoras sendo a raiz das interacções tácticas. Segundo Bayer (1974) a antecipação são “Processos mentais integrados na percepção que procura a compreensão e o significado da estruturação do meio, englobam na sua realidade funcional, uma quantidade fundamental que favorece a acção imediata. Para um atleta é essencial concentra-se a partir dos dados presentes para a elaboração de um futuro possível, pois só assim a sua capacidade de intervenção se torna eficiente”. Nideffer (1976, 1979) refere que “o processo de antecipação é favorecido por uma atenção flexível, que se manifesta pela capacidade de passar de um foco amplo de atenção a um restrito, externo ou interno, segundo as exigências da situação de jogo”.
Antecipar como um adversário se vai comportar tacticamente numa situação concreta, situando-se mentalmente no seu lugar, e partilhando as suas intenções ele pode assim reagir com rapidez e segurança. Desde o esboço do gesto do adversário, isto é, sobretudo na sua antecipação nas primeiras fases, o jogador deve descobrir as intenções do adversário, para poder agir rapidamente. Isto é uma condição importante, para o bom resultado das acções.
Por outro lado Whitting (1970) afirmou, que a antecipação implica um prognóstico espaço-temporal, sendo, esta interacção entre estas duas dimensões que irá determinar a eficácia da acção. Segundo o mesmo autor (1970), a antecipação do acontecimento quando é exacta acelera a percepção e a acção, se for falsa, provoca o retardamento perceptual acompanhada de um tempo de acção mais lento.
A percepção da situação de competição no seu contexto particular é sem dúvida uma etapa decisiva, no complexo processo do factor táctico desportivo.
Neste sentido, a tomada de decisão é um fenómeno relativamente complexo devido depender de diferentes factores, tais como; percepção do envolvimento, constrangimentos, dos cálculos óptico-motores, capacidade de leitura de jogo, detecção de sinais visuais pertinentes que ajudem o atleta a perceber qual será acção que o adversário vai realizar no sentido de poder antecipar-se. Uma boa tomada de decisão poderá permitir um jogador antecipar-se às acções do adversário, ou seja, através de uma boa percepção sobre um determinado tipo de batimento que o adversário vai realizar, o jogador poderá antecipar a zona de queda do volante, esta antecipação dependerá da sua tomada de decisão em relação ao momento exacto em que o jogador decide agir e ao mesmo tempo que batimento irá utilizar na sua resposta para dificultar o adversário. Nesta mesma vertente, Gibson (1979) centrou-se essencialmente na influência que a informação e o ambiente têm na nossa forma de actuar.
A informação recolhida por um praticante de um desporto de confrontação directa como é o caso do Badminton, consiste, por exemplo, na colocação e nos deslocamentos dos adversários, na velocidade do volante ou na forma como ele observa a posição do adversário e das zonas do campo do adversário onde pretende colocar o volante.
Apesar de as teorias tradicionais apontarem para o recurso a estruturas superiores de descodificação e comparação da informação (à luz das representações internas), tal seria necessariamente um processo lento para responder às necessidades imediatas. Basta pensarmos numa jogada no Badminton durante o jogo, em que os jogadores executam batimentos rápidos e potentes, principalmente, quando atacam e realizam deslocamentos a uma elevada velocidade e com constantes mudanças de direcção, ao mesmo tempo que os adversários tentam também eles, agir de forma a responder e contrariar essas acções. Assim sendo, caso um jogador tivesse de levar toda essa informação aos centros superiores para identificação de estímulos, para a selecção de resposta (e a sua programação) e para a respectiva execução, quando esta fosse posta em prática, já estaria completamente desadequada para uma realidade que está numa vertiginosa transformação (Araújo 2005). Segundo o mesmo autor (2005) a participação cognitiva deve ser muito reduzida, de forma a facilitar a leitura do ambiente.
A percepção e a acção são encarados como interdependentes e o fluxo de informação entre o ambiente e o indivíduo é contínuo. A percepção é encarada como a captação directa das possibilidades de acção de um sujeito num dado ambiente. Segundo, Reed (1988), a aprendizagem de uma determinada habilidade é aprender a usar as hipóteses de acção do movimento e não como mover o próprio corpo.
De facto podemos, com algum treino, reproduzir certos movimentos que sejam considerados correctos. No entanto, especialmente em modalidades em que o ambiente é complexo e exige uma grande urgência de comportamentos (p.e. desportos colectivos, ténis, Badminton etc.), o que define um bom desempenho não são os movimentos utilizados de forma estereotipada mas a sua adequação física e temporal a cada situação.
Na próxima 4ª feira, dia 22 de Outubro será publicado o texto referente ao ponto 3.4 do Capítulo II – Principais Criticas à Abordagem Cognitivista

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