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17 setembro, 2008








Ana Moura, de 22 anos de idade é natural do Funchal, a primeira mulher portuguesa, a representar Portugal, na modalidade de Badminton, em Jogos Olímpicos e estudante de Medicina. Atleta do Club Sports da Madeira participou em diversos Campeonatos da Europa e do Mundo em representação da Selecção Nacional e também nos Campeonatos do Mundo Universitários, disputados em Abril / 2008, na cidade de Braga.
- Como e quando começou a jogar Badminton?
Iniciei o meu contacto com a modalidade quando tinha cerca de 8 anos. Nessa altura, um Pavilhão Gimnodesportivo anexo a uma Escola Básica tinha acabado de ser inaugurado na vila onde eu moro, na Madeira (Camacha) e nele iniciaram uma série de actividades desportivas e lúdicas abertas ao público, levadas a cabo pelo clube local. Uma das modalidades era o badminton, e após ter experimentado diferentes desportos, o badminton foi o que mais me cativou.
- Quando e porque surgiu o objectivo de participar nos Jogos Olímpicos de Pequim?
Este objectivo pessoal surgiu desde muito cedo, quando tinha ainda poucos anos de prática da modalidade. Lembro-me de ter acompanhado na televisão os Jogos de Atlanta, Sydney e Atenas e de ter ficado fascinada com o simbolismo da competição. Acho que foram momentos que me deram grande motivação e alguma coragem para ter sonhado com Pequim.
- Após ter conseguido a qualificação para os Jogos Olímpicos, como foi a sua preparação específica?
Tive uma preparação bastante intensa com uma fase inicial na Madeira prosseguido com um estágio num centro de treinos da BWF em Saarbruken, na Alemanha. Estava previsto fazer dois torneios internacionais após este estágio, mas uma pequena ruptura na perna limitou-me a participar apenas no Open dos Estados Unidos. Mesmo antes de ir para Pequim tive outro estágio em Macau, cujo principal objectivo era conseguir alguma habituação às condições climatéricas de Pequim, devido á proximidade destes dois territórios.
- Para conseguir o apuramento para os Jogos em menos de dois anos foi necessária a participação em muitos torneios disputados em todo o mundo para amealhar os necessários pontos. Foi importante esse esforço, não só par o Jogos Olímpicos como também para o seu futuro competitivo?
Este esforço foi essencial para ter alcançado a qualificação. Tive de me afastar da faculdade e regressar à Madeira para ter as condições adequadas de treino, encarando o badminton de uma forma profissional. Sem dúvida que após estes 2 anos fiquei com alguma experiência que pode ser importante se eventualmente fizer outra qualificação olímpica.
- A Madeira tem três atletas atletas olímpicos, no badminton e venceu na presente época desportiva 18 das 25 provas dos Campeonatos Nacionais, dos escalões não seniores. O que perspectiva para o futuro do Badminton madeirense?
Estes resultados são bons indicadores do trabalho que é realizado no badminton da Madeira, tanto ao nível da formação como também da alta competição. Perspectivo uma boa continuidade do trabalho desenvolvido até agora, e de certeza que o badminton continuará a dar muitas mais alegrias ao desporto madeirense e nacional.
- A modalidade em Portugal tem evoluído ou não, comparativamente com outros países de idêntica dimensão territorial?
Acho que uma excelente justificação para a evolução da qualidade do badminton em Portugal nos últimos anos é ter havido 5 jogadores a tentarem a qualificação para Pequim e todos eles terem ficado no top 100 do ranking mundial. O facto de o número 1 do ranking europeu de juniores ser português também demonstra progresso.
- Devido à grande “aposta” para a participação olímpica foi necessário interromper a sua licenciatura em medicina, na Universidade de Coimbra. Quais serão os seus objectivos futuros para conciliar estudos / competição?
Acho que a criação do "Pólo de Treino" em Coimbra vem trazer um apoio aos atletas / universitários, como o meu caso. É uma grande ajuda para eu poder continuar a jogar badminton e conciliar melhor com os meus estudos.
- As constantes referências aos problemas estruturais do badminton nacional poderão ter influências no badminton juvenil?
Sim, acho que pode afectar, mas também acredito que há formas de ultrapassar os problemas da formação e que parte de todas as pessoas que estão ligadas à modalidade a contribuição que puderem dar, quer sejam treinadores, atletas ou dirigentes das diferentes entidades.
- Para ultrapassar essa situação, o que e de acordo com a sua experiência internacional poderia e deveria ser realizado, no nosso país?
Talvez não seja a pessoa mais indicada a falar sobre este tipo de questões, visto estar afastada do badminton nacional há algum tempo. Tenho bem presente que apesar do progresso que temos assistido, também existe problemas que estão a afectar sobretudo os escalões mais jovens. E nessas idades o prioritário é a motivação dos jovens para a prática do desporto, quer seja de uma forma lúdica, quer seja para o badminton de competição e aí é que deverão incidir as medidas para a resolução dos problemas.
- Para evoluir será mesmo necessário residir e competir num país estrangeiro?
Acho que depende muito dos objectivos de cada atleta, assim como as características pessoais. Há quem não se adapte a viver fora do país, longe da família e amigos, enquanto outros conseguem dedicar-se a 100% ao badminton se estiverem no estrangeiro. Mas se houver um objectivo muito alto, como atingir o top 20 do ranking mundial, poderá ser necessário a procura de melhores condições de treino e de competição fora de Portugal.
- Ao longo de muitos anos, que pratica badminton, quais foram os momentos mais marcantes e afectivos, porque passou?
O momento mais emotivo foi agora em Pequim, pelas razões óbvias. Mas houve muitos momentos que me marcaram, dos quais destaco o torneio do Irão no ano passado, o do Quénia e da Índia este ano no final da qualificação olímpica e o Campeonato do Mundo Individual 2007, na Malásia, onde joguei na 2ª ronda contra a chinesa Xie Xingfang.
- Tem algum objectivo muito especial?
O meu objectivo muito especial já foi cumprido, que era a qualificação para Pequim.
- Se em Portugal fosse provocada uma maior competitividade e muito maior quantidade de jogadores mais jovens haveria maior evolução?
Sim, acho que a evolução da modalidade seria maior se houvesse mais jogadores e se fosse proporcionada a estes uma maior competitividade. Mas para isto acontecer é necessário oferecer melhores condições de treino e motivação aos jogadores.
- O progresso competitivo do badminton nacional poderá passar pelo “Pólo de Treinos”, em Coimbra, que a FPB decidiu criar. Comente esta tão importante mais valia?
Sem dúvida que o Pólo é um progresso das condições de treino em Portugal. Tal como nas outras modalidades, o badminton “sofre” de perda de atletas quando estes terminam o secundário e decidem prosseguir os estudos no ensino superior. Eu própria senti dificuldades em manter-me a treinar quando entrei para a faculdade e tal como referi atrás, fui forçada a interromper o meu curso por falta de apoio técnico quando decidi tentar a qualificação olímpica. Acho excelente a possibilidade de a partir de agora os jovens que quiserem continuar a jogar badminton a um bom nível terem agora a possibilidade de serem enquadrados no "Pólo de Coimbra", sem abdicarem da sua carreira académica.
- Já participou em muitas competições no estrangeiro. O que mais a impressionou, relativamente à organização e cultura desportiva em países, que trabalham o desporto ao mais alto nível?
Realmente encontram-se algumas diferenças ao nível da cultura desportiva em outros países. Verifiquei uma grande divulgação das modalidades que têm atletas de alto nível, que por si só representa um crescimento da cultura desportiva de um país. Além disso, os apoios necessários e acompanhamento variado permitem que os atletas talentosos sejam profissionais, se o desejarem, o que, na minha opinião, também é essencial num projecto sério.
- Qual a sua mensagem para sensibilizar os jovens atletas, para uma futura participação olímpica?
Apenas posso dizer para que agarrem os seus sonhos e os persigam até ao fim, que foi o que eu fiz.

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